O artigo “Consumo de frutas e risco de diabetes tipo 2”, publicado em agosto de 2013 no British Medical Journal (BMJ), é, sem dúvida, uma pesquisa de qualidade e que avalia como o consumo de frutas pode representar um fator de risco ou proteção em relação ao desenvolvimento do Diabetes tipo 2. Entre os autores desse artigo, estão pesquisadores da Universidade de Harvard (EUA) e da Universidade de Singapura.
A pesquisa foi baseado em dados epidemiológicos de três estudos longitudinais americanos, que envolveram milhares de profissionais, como enfermeiros e outros que trabalhavam na área de saúde. Por causa disso, foi assumido que os indivíduos estão comprometidos com a pesquisa, pois são esclarecidas sobre o risco de doenças e a manutenção da saúde. Assim, nesse banco de dados encontram-se informações colhidas de cerca de milhares de pessoas, o que representa um banco de dados bastante representativo da população.
Baseados nesses dados e por meio de análises estatísticas bem conduzidas, os autores concluíram que o consumo de algumas frutas, três vezes por semana ou mais, apresenta fator proteção para diabetes tipo 2, sendo que os mirtilos (blueberry) são os mais que protegem, seguidos igualmente pelas uvas e passas, ameixas secas, maçãs e pêras, bananas, grapefruit (toranja), pêssegos, ameixas vermelhas e damasco, e laranjas; enquanto os morangos parecem não estar associados a nenhum risco, sendo portanto neutros; e os cantalupes (melão alaranjado), associados a um aumento do risco de 10% para a doença.
Os autores fizeram também uma segunda análise, baseados no impacto do conteúdo de açúcar das frutas e dos sucos de frutas no açúcar (ou glicemia) do sangue, avaliando o risco de diabetes pelo índice glicêmico e carga glicêmica das frutas e suco de frutas. Eles encontraram que um grande consumo de frutas com alta carga glicêmica foi associado com baixo risco de desenvolver diabetes tipo 2, mas não o consumo elevado de frutas com carga glicêmica moderada e baixa (neutros).
Em contraste com os esses resultados, o estudo mostrou ainda que as frutas com moderado índice glicêmico protegem contra diabetes, enquanto as de índice glicêmico alto e baixo foram neutras.
Porém, estudos prévios têm mostrado que, diferentemente destes resultados, alimentos com baixo índice glicêmico são os que tem menor impacto na glicemia sanguínea e, portanto, estão associados com menor fator de risco para desenvolver diabetes, enquanto aqueles com alto índice glicêmico têm maior impacto na glicemia sanguínea e, assim, maior risco associado. Isto é, alimentos com alto índice glicêmico significam alta carga glicêmica, e vice versa, e por isso os resultados obtidos nesta análise não concordam com os estudos anteriores.
Sucos – Em relação aos sucos de frutas, os autores concluíram que um consumo de suco de frutas igual ou superior a cinco vezes por semana, independente de seu índice glicêmico, está associado com o aumento do risco em torno de 8 a 21%, dependendo da dose ingerida por dia – ou seja, quanto maior a dose, maior o risco para diabetes tipo 2. A análise conduzida não especificou qual o índice glicêmico individual de cada suco e sua associação com o risco de desenvolver diabetes. Sabe-se que os sucos oferecidos no mercado americano têm diferentes concentrações de açúcar de adição, variando desde aqueles que são 100% integrais, sem adição de açúcar, a aqueles que apresentam diferentes teores de açúcar de adição e, portanto, diferentes índices glicêmicos.