Tudo na jaca é exagerado. De seu tamanho – a jaca dura, uma das maiores frutas do mundo, pode chegar a pesar incríveis 50 quilos, enquanto variedades como a jaca mole beiram os 15 quilos – ao cheiro inconfundível, há que se respeitar tanta personalidade. Da família das moráceas, a jaqueira (Artocarpus integrifolia) é parente de outro delicioso peso-pesado: a fruta-pão. Natural da Índia, a jaca é muito consumida no Sri Lanka e alguns países do Sudeste Asiático, como Tailândia, Vietnã, Camboja e Malásia. Na Índia, ela é protagonista de uma série de receitas, doces e salgadas, ensopados, cozidos, chutneys, além de bebidas, como uma aguardente preparada a partir de sua polpa fermentada.
É verdade que ela ainda enfrenta certa resistência de quem não a conhece muito bem e se intimida com seu tamanho, formato e aroma pouco discreto. Talvez o receio também seja causado por aquele ditado popular que traduziu o excesso, bom ou ruim, como “enfiar o pé na jaca”. Intrigas infundadas, diriam os apreciadores, que são muitos e crescem a cada dia. Já existe até um mapa colaborativo, batizado de Jaca Livre, que ajuda a localizar jaqueiras pelo Brasil, no Google Maps.
A jaqueira vai bem em países de clima tropical. Chegou ao Brasil trazida pelos portugueses no século 18. Desde então, é muito cultivada no Norte-Nordeste, além de quase toda a faixa litorânea do país. As variedades mais comuns são a jaca dura e a jaca mole. A jaca dura costuma ser maior e tem sabor suave; a mole é mais doce e aromática. Seu aroma exuberante é inescapável e serve de alerta na hora de comprar: quando o cheiro está muito forte, ela já está madura demais. Curiosamente, a polpa é suave – lembra uma mistura de abacaxi e banana. Rica em proteínas, carboidratos, vitaminas A, C e do complexo B, além de minerais como cálcio e ferro, a jaca foi “redescoberta” pelos adeptos do vegetarianismo. A versão dura, com gomos mais firmes, é ideal para cozidos, ensopados e refogados. Cozida e desfiada, fica com textura similar à do frango: um sucesso como recheio de coxinha vegetariana. O caroço também é rico em nutrientes e pode ser assado, cozido e transformado em farinha.