O professor Manoel Lima de Menezes, do Departamento de Química da Faculdade de Ciências do Câmpus da Unesp de Bauru, coordena há mais de dois anos uma pesquisa para extração de óleo para produção de biodiesel a partir da polpa da fruta abacate.
Segundo Manoel, trata-se de mais uma fonte alternativa de óleos vegetais que podem ser utilizados como matéria prima para se produzir biodiesel.
O abacate, diz Manoel, tem 24 espécies plantadas da fruta no país, com teores de óleo que variam entre 5 a 30%, podendo extrair de 2,2 a 2,8 mil litros de óleo de por hectare. Este índice é bem superior, quando comparado com a extração de outros óleos como o da soja, mamona e girassol, que produzem, no máximo, 740 a 1000 litros de óleo por hectare.
Do caroço do abacate também pode ser obtido o etanol, pois possui em média 20% de amido, sendo possível obter 74 litros do produto por tonelada desta parte da fruta, valor extremamente próximo ao obtido na cana-de-açúcar e mandioca, que geram entre 85 e 104 litros por tonelada, respectivamente.
Manoel aponta que o óleo de abacate é importado para diversas finalidades, mesmo com a enorme disponibilidade do fruto, mas faltam tecnologias adequadas para o seu processamento.
O principal obstáculo para a extração do óleo é o alto teor de umidade, em média 75%. Este índice interfere no rendimento da extração. A produção do biodiesel do abacate é mais barato que o da soja, uma vez que o fruto oferece as duas matérias primas necessárias para a obtenção do produto.
Para Manoel, ainda há necessidade de investimentos em equipamentos, sobretudo um despolpador para separar a polpa do caroço. Recentemente, ele foi convidado por produtores agrícolas da cidade de Sinop no Mato Grosso para explicar sua pesquisa, uma vez que a aquela região têm condições ideais para se plantar abacate de produzir o Biodiesel.
Bauru
O professor da Unesp diz também que Bauru poderia produzir o biodiesel em larga estala. “Em nossa região há vários plantadores de abacate, mas estes são enviados para o mercado, mas nada impede de produzir biodiesel com as frutas que são descartadas. Neste caso, deverá ser ampliada a área de plantio, para que possa atender as demandas do mercado e biodiesel”, opinou.
Já o funcionamento no motor do veículo, comparado com outros combustíveis, teria a mesma performance e rendimento, segundo o pesquisador.
Manoel esclarece que uma vez que o biodiesel obtido do óleo de abacate esteja em conformidade com a ANP 42, normas governamentais, as respostas nos motores são mesmas, comparadas com o diesel e biodiesel de soja.
Já a produção em larga escala do abacate em nossa região corre-se o risco de elevar o custo da produção para ser utilizada no biodiesel, agregando valores à fruta, uma vez que o seu consumo será aumentado consideravelmente.
“É importante ressaltar que na safra o valor do abacate chegar a custar R$ 0,40 o quilo ou até menos e isto se deve ao fato de que, culturalmente, os brasileiros não têm hábitos alimentares de consumir esta fruta”, salientou Manoel.