As chuvas de verão ainda não foram embora, mas o outono vem chegando de mansinho. Manhãs frescas, brilhantes e claras, fins de tarde cheios de cores e um anoitecer cortado por um delicioso ventinho nos convidam ao aconchego. As comidas mais quentinhas e reconfortantes voltam aos cardápios. A estação também traz de volta as deliciosas frutas do outono. Nos mercados, os tons dos abacates e das tangerinas disputam espaço com maçãs, carambolas e os tão esperados caquis. Estes, ao contrário dos outros, têm safra curta e determinada e por isso mesmo são tão apreciados e procurados nesta época.
O caqui tem origem asiática, mas foi na China e no Japão que fincou raízes e de lá se espalhou pelos quatro cantos do planeta. Chegou ao Brasil com a leva de imigrantes japoneses no fim do século 19, encontrando, no Sul e Sudeste do país, solo e clima favoráveis ao seu cultivo. No Japão, segundo estudiosos, estão catalogadas mais de 800 variedades da fruta, mas por aqui o tipo rama forte, o fuyu, o goimbo e o kyoto são os mais populares. Apesar de existirem variedades que “travam a boca”, o caqui quando maduro é suculento e doce. O tão procurado “caqui chocolate”, não é considerado um tipo exclusivo do gênero. Todo caqui pode ser ‘chocolate’ desde que tenha sementes. É a natureza quem decide. Uma única árvore pode gerar frutos com e sem sementes. A presença delas ajuda na liberação dos taninos, responsáveis pela característica adstringente da fruta.
Elegante e delicado, o fruto do caquizeiro tem polpa farta e gelatinosa. Queridinho dos nutricionistas, concentra boas quantidades de vitaminas A, B e C , sais minerais e fibras. Para comê-los o ano inteiro, os japoneses, com sua sabedoria milenar, fazem as tão famosas passas de caqui conhecidas como hoshigaki. O caqui seco com o calor e a luz do sol é a única forma de degustar a fruta na entressafra, além de conservar suas qualidades nutritivas sem que lhes sejam adicionados produtos químicos ou nocivos à saúde.
O caqui se adaptou tão bem lá pelos lados de São Paulo que na região de Itatiba, no Sudoeste daquele estado, ocorre no mês de abril a festa do caqui, onde os agricultores comemoram a colheita e divulgam a fruta. A cidade do Rio de Janeiro, e mais especificamente na Baixada Fluminense, também é conhecida pelos seus saborosos caquis. Na famosa Avenida Brasil, centenas de ambulantes anunciam a chegada da safra.
O termo caqui é uma derivação do nome em japonês kaki, e é como a fruta é conhecida por lá. Mas na Europa a fruta é conhecida como dióspiro, termo de origem grega que significa alimento de Zeus, personagem da mitologia.