Pesquisas recentes demonstram que o abacate é uma poderosa arma contra as doenças cardiovasculares justamente por causa da sua gordura – a mesma que faz o valor energético disparar. “Ela é do tipo monoinsaturado, considerado benéfico à saúde dos vasos”, já adianta a nutricionista Roberta Cassani, do Instituto de Nutrição, em Itu, no interior paulista.
Em um estudo da Universidade de Toronto, no Canadá, essa gordura fez a diferença para pessoas que travavam luta contra o colesterol alto, um dos principais fatores de risco para doenças cardíacas. No primeiro mês da pesquisa, 24 voluntários com o problema seguiram uma dieta pobre em gorduras saturadas, daquelas que colocam as artérias em perigo e abundam em produtos industrializados. No mês seguinte, os estudiosos orientaram parte da turma a adotar um cardápio convencional, com pouca gordura monoinsaturada. O restante, sortudo, foi estimulado a caprichar no ingrediente que dá fama ao abacate e ao azeite de oliva. “Ao final da análise, os exames de todos indicaram uma redução significativa nas taxas de colesterol LDL“, conta o especialista em nutrição Cyril Kendall, um dos autores da investigação. “Contudo, apenas os indivíduos que colocaram a gordura monoinsaturada na rotina viram as taxas de colesterol HDL subir”, ressalta o cientista. Enquanto o LDL é uma partícula que deixa o colesterol se acumular nas paredes das artérias, o HDL realiza uma espécie de faxina que expulsa a gordura dos vasos. Daí a importância de derrubar um e levantar o outro, a exemplo do que aconteceu com os voluntários do experimento canadense.
Por que o abacate?
Mas, se há outras fontes de gorduras monoinsaturadas dando sopa no mercado, por que estamos encorajando a dar uma chance para o calórico abacate? Bem, uma pesquisa da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, ajuda a responder à questão. Nela, 45 voluntários acima do peso e com colesterol alto seguiram três padrões de dieta – cada uma por cinco semanas. A primeira era baseada na restrição de gordura. A segunda e a terceira, por outro lado, permitiam doses moderadas do ingrediente – só que, enquanto uma indicava óleos como fontes de gorduras monoinsaturadas, a outra receitava um abacate diário.
Os resultados apontaram, então, que o cardápio abastecido de gorduras monoinsaturadas provenientes da fruta, e não dos óleos, foi mais eficiente na diminuição de triglicérides, colesterol ruim, o LDL, e colesterol total, os fatores que escancaram as portas para ataques cardíacos e outras complicações. “Isso significa que a presença dessa versão de gordura não é a única explicação para os benefícios proporcionados pelo abacate”, conclui Li Wang, expert que assina o trabalho.